CBMAL

SOB A SUPERFíCIE: O TRABALHO SILENCIOSO DOS MERGULHADORES DE RESGATE

  • 18/12/25
  • 09:12

Bombeiros especializados em mergulho atuam em ocorrências de localização de vítimas, cadáveres e objetos submersos
Alessandra Lima / Ascom CBMAL

O Dia do Mergulhador é comemorado nesta quinta-feira (18) e destaca a atuação de profissionais preparados para prevenir acidentes, responder de forma rápida a situações de emergência e coordenar resgates subaquáticos com eficiência. No Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL), esses militares exercem um papel fundamental no atendimento a ocorrências em ambientes aquáticos.

 

Em um estado que carrega a água até no nome, a atuação dos mergulhadores é indispensável. Eles trabalham em rios, mares, lagos, lagoas, açudes, barragens e cisternas, garantindo maior controle e segurança em situações de emergência do litoral ao Sertão de Alagoas.

 

Na corporação, a atividade de mergulho é coordenada pelo Batalhão de Bombeiro Militar de Salvamento Aquático (BBMSA), que atualmente conta com dez mergulhadores especializados. Esses profissionais atuam em diversas ocorrências, que vão desde a busca de objetos até a localização de vítimas e cadáveres, sempre com o objetivo de salvar vidas, recuperar vítimas e preservar evidências subaquáticas.

 

 

O tenente Alexandre, militar do BBMSA, atuou por dez anos como mergulhador e destaca que, nos últimos anos, a corporação tem investido de forma constante na aquisição de equipamentos modernos, o que tem fortalecido e ampliado a atuação da equipe.

 

“Passei dez anos no mergulho e acompanhei todas as fases da atividade, desde a completa falta de equipamentos até o momento atual, que podemos considerar um período de riqueza. Hoje temos bússola, GPS, canhão de iluminação, roupas secas, máscaras full face e equipamentos de primeira linha, tanto para o mergulhador quanto para a equipe de superfície. O mergulhador vive hoje uma fase muito positiva”, ressalta.

 

 

Um mergulho ao passado

 

Segundo o tenente, o início do mergulho no CBMAL, na década de 1970, foi marcado por improviso e persistência. Os militares utilizavam apenas equipamentos básicos, como cordas, máscaras e nadadeiras, sem cilindros de oxigênio, realizando mergulhos em apneia. Era comum, naquele período, aproveitar militares do Pontal da Barra ou com experiência como marisqueiros para atuar nas ocorrências.

 

Nos anos 1980, tiveram início as primeiras especializações, com militares realizando o Curso de Mergulho Autônomo (CMAUT) na Marinha do Brasil. Já na década de 1990, após formações no Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e no Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro (CBMRJ), foi realizado o primeiro Curso de Mergulho Autônomo em Alagoas, formando oito militares. No entanto, ainda não havia equipamentos autônomos, e o mergulho dependia de compressores de baixa pressão, no sistema conhecido como narguilé, sendo comum a realização de buscas em apneia.

 

O tenente explica que a evolução mais significativa ocorreu a partir dos anos 2000. “Foi nesse período que aconteceu a grande virada do mergulho. A chegada do compressor de alta pressão, além de equipamentos, nadadeiras e máscaras de melhor qualidade, permitiu uma estruturação sólida da atividade. Hoje, o mergulho está bem organizado e tem superado muitos desafios”, destaca.

 

 

Em 2001, foi promovido o Curso de Operação de Busca e Resgate Subaquático (COBRAS), tornando o uso do mergulho autônomo mais frequente. Em 2005, foi realizado o CEMAG I, com a formação básica de 18 militares, seguido pelo CEMAG II, em 2006, voltado para operações de busca subaquática. Paralelamente, militares continuaram sendo enviados para realizar o CMAUT em outros estados.

 

Entre 2012 e 2014, houve um avanço significativo com a aquisição de novos equipamentos, como roupas secas, máscaras full face e sistemas de comunicação subaquática. Em 2015, o CBMAL recebeu uma viatura exclusiva para a atividade de mergulho e instituiu as Comissões Técnicas de Ensino e Pesquisa, incluindo a Comissão de Mergulho de Resgate. A partir desse marco, a corporação passou a seguir as diretrizes da Emergency Response Diving International (ERDI), enviando militares para formação de instrutores.

 

 

Em 2017, foi realizado o CEMAUT, que atualizou mergulhadores da ativa e formou oito supervisores de mergulho de segurança pública. Desde então, o CBMAL segue investindo continuamente na capacitação de seus militares, com cursos realizados em estados como Paraíba e São Paulo.