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BOMBEIROS ALAGOANOS SãO SELECIONADOS PARA PARTICIPAR DO ULTRAMAN 2016

  • 29/09/15
  • 10:09

Viver e respirar o esporte. Essa é a vida de Pedro Paes e Paulo Salgueiro, soldados do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas que se acostumaram, desde muito novos, a amar uma vida baseada na prática esportiva. E esse amor por uma vida ativa já rendeu diversos frutos positivos, entre eles, estarem entre os 32 atletas de todo o mundo selecionados para participar do Ultraman 2016.

Pedro tem 33 anos e ainda quando bebê, com apenas dois anos, já foi levado pela sua mãe para praticar natação. Quando cresceu, na época da escola, ele também praticou handebol por nove anos, partindo para a musculação logo em seguida. Assim que entrou para o Corpo de Bombeiros em 2006, Paes iniciou os treinos de corrida de rua e se apaixonou por essa modalidade esportiva, conquistando medalhas e o orgulho de evoluir dentro do esporte.

Com Paulo não foi muito diferente. Seus pais o incentivaram desde os dois anos a gostar de esporte. Ele é apaixonado por atividades radicais e já praticou futebol, handebol, Judô (faixa roxa), caratê (faixa preta 2 dan), surf, ginástica olímpica, natação, ciclismo (trilha e bicicross), mergulho apneia e moto trilha.

Com a corrida, outras portas foram se abrindo para Pedro e ele percebeu que estava a apenas um passo para entrar no triathlon, esporte que reúne corrida, natação e ciclismo em uma só prova, tudo junto e misturado.

O triathlon é um dos esportes que mais exige preparo físico daqueles que o praticam. Esta modalidade esportiva surgiu na década de 1970, na cidade de San Diego (sul do estado da Califórnia nos Estados Unidos da América), mas só chegou ao Brasil em 1981.

A primeira vista, o triathlon é um pouco intimidador. A grande maioria dos triatletas para conseguirem dar conta de suas rotinas de treino tem que acordar muito cedo, pedalar pelas ruas vazias e correr enquanto o sol ainda nem nasceu. Essa rotina faz parte da vida de diversas pessoas que encontraram neste esporte uma paixão acima dos próprios limites. E para Pedro, superar seus limites sempre fez parte da sua vida. “Hoje não me vejo sem a prática do triathlon. Ele é um esporte completo que você trabalha todo corpo, e as distâncias te desafiam a superar você mesmo, física e psicologicamente”.

Paulo também se considera um atleta mais completo desde quando começou a praticar o triathlon. “Adquiri ainda mais qualidade de vida, não só na esfera física, mais nos fazendo uma pessoa melhor a cada dia. É um esporte que nos ensina a respeitar mais o próximo e nos mostra que nosso adversário na realidade somos nós mesmos, buscando melhoras a cada dia e isso não tem preço”, enfatizou o bombeiro Paulo Salgueiro.

 

A TRAJETÓRIA DE PEDRO NO ESPORTE

 

Pedro Paes comprou sua primeira bicicleta e iniciou os treinos em 2011. Ele conta que logo quando começou ele só fazia a categoria Sprint, primeira modalidade do triathlon que reúne 750 metros de natação, 20 km de ciclismo, 5 km de corrida. E Pedro foi se apaixonando mais e mais pelo esporte e a necessidade de evoluir e superar ainda mais os seus limites foi crescendo a cada dia. As categorias foram mudando e então, em 2013, Pedro foi ver seu tio, também bombeiro militar e um dos mais antigos praticantes de triathlon da corporação, participar do IronMan em Florianópolis. A partir desse momento ele resolveu que iria treinar para participar da mesma prova no ano seguinte. E assim aconteceu. Paes concluiu o IronMan em 2014 e se sentiu um vitorioso. Mas foi neste ano de 2015 que sua trajetória no esporte mudou. Ele intensificou os treinos, e voltou para casa com um IronMan bem melhor do que o do ano anterior: “meu ultimo IronMan foi muito bom, consegui baixar 53 minutos de um ano pro outro, fiz em 10h 37min, resultado de muita dedicação aos treinos, e a experiência contou pra modificar a estratégia e saber onde dosar a prova”.

Pedro já foi Campeão geral por dois anos seguidos no Alagoano de Triathlon, já fez o Long Distance em 5h14min, o primeiro IronMan em 2014, concluiu em 11h30min e neste ano, uma redução de tempo considerável, terminando com 10h37min, e o Challenge em 5h19min.

Bombeiro Militar dedicado e vibrador, Paes, como é conhecido no meio militar, tira serviço de guarda-vidas nas praias alagoanas e se sente muito bem condicionado, graças aos treinos, para realizar todo tipo de salvamento no mar. Mas conciliar a vida profissional com os treinos e vida pessoal não é tão fácil e para isso teve que abrir mão de muita coisa: “nós atletas amadores temos família, trabalho, vida social, e treinos para administrar. Abri mão de muita coisa pelo triathlon. Não tenho mais noitadas, shows, festas. Durmo todos os dias normalmente às 20h e acordo às 4h, faço o máximo pra ocupar o tempo livre, quando não estou muito cansado. Hoje trabalho como guarda-vidas e minha escala é 1x2. Quando estou de serviço começo mais cedo pra poder chegar no horário, mas quando é final de semana fica complicado, pois os treinos longos tem um certo desgaste e sempre tento permutar quando estou nos finais de semana para não prejudicar o serviço. No período em que o volume de treinos aumenta complica mais ainda, mas contudo não deixo de cumprir com minhas obrigações”.

A família, amigos e corporação foram fundamentais em todo o processo de crescimento e evolução de Pedro durante todo esse tempo. O tio, Fabiano Paes, também triatleta e bombeiro, foi, desde o início, um dos grandes incentivadores. O pai, também chamado de Pedro e corredor como o filho, sempre fez tudo que pôde e nunca mediu esforços pra apoiar o filho nesse caminho que ele escolheu trilhar. Pedro Filho tem na família, amigos e namorada o apoio que precisa nos momentos de alegria e dificuldades. “O apoio da família e amigos é incondicional, todos apoiam, vibram com as conquistas. Com relação a corporação ainda irei conversar com nosso Comandante Geral, mas tenho certeza que o mesmo irá apoiar, como vem apoiando”.  Pedro enfatiza o orgulho que sente em representar a corporação em todas as competições que participa. E se ele conseguir concluir a prova será o primeiro bombeiro do mundo a conseguir esse feito. E ele tem a certeza que a corporação e o governo do estado não medirão esforços para apoiar. “Sei que poderei contar com esse apoio. Essa é uma prova muito cara e tudo é por conta do atleta. Tenho que ter dois staff's obrigatórios, tenho custos com inscrição, passagens minhas e dos staff's, estadia, aluguel de carro, alimentação, entre outros e a prova acontece em três cidades diferentes, tenho certeza que eles ajudarão como puderem”.

PAULO SALGUEIRO E O TRIATHLON

Paulo pratica o triathlon desde 2013 quando decidiu participar do Ironman pela primeira vez e já participou de algumas etapas em Maceió, um conquistador race em Gramado, que equivale a um meio Ironman, dois Ironman, um em Florianópolis e outro em Fortaleza e um Ultraman em 2014, o qual teve que sair no segundo dia da competição devido a um acidente com um colega de Maceió que caiu da bicicleta quando ele estava estava próximo de 210 km nesse dia, na etapa de ciclismo, faltando completar mais 50 km para passar para o último dia que seria a corrida 84 km.

Salgueiro também conta com o apoio da família que sempre o motiva a chegar ao fim nas competições e a estar em constante treinamento. “Minha família incentiva sempre, estão comigo em todas as provas e treinos. Minhas filhas praticam esporte desde os dois anos de idade. Começaram com natação, dança e caratê, hoje adicionaram o mergulho apneia, handebol e o vôlei. Elas querem muito aprender a surfar e me cobram muito isso. Quanto aos meus amigos e corporação, todos me incentivam muito”.

Sobre a sua participação no Ironman, ele conta que foi uma experiência diferente que surgiu em uma brincadeira com seus colegas. “Fiz minha inscrição e só comecei a treinar mesmo dois meses antes do evento, pois tinha uma o brasileiro de caratê para competir, o qual acabei ficando em terceiro na categoria absoluto. Minha bicicleta que eu havia comprado em janeiro, pois o evento era em maio, só chegou no final de abril. Mas foi simplesmente uma experiência única”. O bombeiro completa que no primeiro dia com a bicicleta nova, caiu três vezes até se acostumar a andar clipado. “Foram 30 dias intensivos rodando com essa bike para estar preparado para a competição”.

Seu treino começa, todos os dias, às 4h da manhã e está dividido em natação, corrida, ciclismo e musculação em dias alternados de domingo a domingo. Às segundas, quartas e sextas ele faz corrida e natação; às terças e quintas faz bike e musculação no centro de treinamento; sábado faz duathlon de ciclismo e corrida e domingo apenas ciclismo.

A CONVOCAÇÃO PARA O ULTRAMAN

 

Se o IronMan já é uma prova que exige muito do atleta que tem que percorrer  3.8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida, o que dizer do Ultraman que é uma prova realizada em três dias, onde os atletas devem percorrer 10 km de natação, 421 km de ciclismo e 84 km de corrida?

Mas como o lema de Pedro é superar seus limites, ele não pensou duas vezes para se candidatar para esta prova. Ele explica que o Ultraman não é uma prova como as outras que você só precisa se inscrever: “para participar do Ultraman você envia sua candidatura através do seu currículo esportivo e a organização quem decide se você tem condições de fazer a prova e diz se você está dentro ou não. São apenas 32 atletas de todo mundo que são selecionados para essa prova. Tem que ter coragem para encarar esse desafio. Com certeza por terem visto que eu era bombeiro no meu currículo, isso contou ponto pra seleção”, reconhece o militar.

Já Paulo diz que foi incentivado por um colega, o mesmo que sofreu o acidente no último Ultraman, que o chamou para participar, então ele mandou sua inscrição com o seu histórico esportivo. “Um colega nosso tinha participado no ano anterior e completou a dupla maratona em primeiro, ele ajudou bastante a equipe de Maceió em termos de reconhecimento, pois a seleção é bastante rígida, e suas recomendações pesaram muito. Pedro Paes, por exemplo, foi meu staff ano passado fazendo com que isso desse direito a ele de participar dessa competição, pois ser staff é uma das maneiras de adquirir direito a participar da prova, mas mesmo assim seu histórico esportivo é avaliado, pois não é qualquer pessoa que pode participar dessa prova”.

Salgueiro se sente seguro para a competição e diz que suas expectativas são as melhores possíveis para concluir a prova: “Venho treinando bem e sem apresentar lesão. Iniciarei minha preparação agora em outubro e até dezembro será só treino de fortalecimento. A partir de dezembro farei treino de volume mais direcionado à prova, totalizando seis meses de treinos específicos para essa competição e espero representar bem meu estado e minha corporação. Força de vontade, determinação e disciplina não faltarão”, garante.

A prova é realizada no eixo Rio de Janeiro / São Paulo. Começa na cidade de Paraty – RJ, passa por Ubatuba - SP, depois volta pro Rio de Janeiro e termina na Barra da Tijuca, a prova acontecerá nos dias 31 março, 01, 02, 03 e 04 de abril de 2016.

Paulo ama praticar o triathlon e indica para todos que conhece, inclusive para suas filhas que serão suas staff’s na competição, no próximo ano. Ele diz que o Ultraman é uma família de competidores que juntos, querem concluir a prova. “Vale a pena participar”, diz. “É uma prova muito boa que te dá além de crescimento físico, um crescimento pessoal muito grande”. Os soldados Rafael Olímpio e Fabiano Paes, triatletas e ironmen, também serão seus staff’s na prova.

 

Para finalizar, Pedro não deixa de expressar seu amor pelo triathlon por onde passa e aonde chega. “Quero ficar velhinho de cabelos brancos e praticando triathlon de longa distância. O esporte pra mim hoje é um estilo de vida saudável, sou rodeado de pessoas boas, fiz grandes amigos dentro do triathlon e eles são como uma parte da minha família. Quando termino uma semana de treinos fico muito feliz, com a sensação de dever cumprido e já esperando a planilha da outra semana”. Para ele, cada treino realizado é uma conquista, é a certeza que ele vai chegar na competição com a cabeça boa sabendo que fez o dever de casa e que escolheu o caminho certo para trilhar. “Sempre estarei incentivando as pessoas a praticarem atividade física, a vida muda quando você pratica o esporte com amor”, concluiu.


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