CBMAL

PESQUISAS APRESENTAM PERFIL EPIDEMIOLóGICO DAS MORTES POR AFOGAMENTO EM ALAGOAS

  • 10/11/17
  • 17:11

Trabalhos foram apresentados no XVII Seminário Nacional de Bombeiros, em João Pessoa-PB

O Corpo de Bombeiro Militar de Alagoas (CBMAL) apresentou dois trabalhos científicos que apontam o perfil das vítimas de morte por afogamento em Alagoas, sendo um com foco no público infantil e outro relacionado ao número total de mortes entre os anos de 2013 e 2016.

O Perfil Epidemiológico das Mortes por Afogamento no Estado de Alagoas” e “O Perfil Epidemiológico das Mortes por Afogamento Envolvendo Crianças no Estado de Alagoas” foram apresentados no XVII Seminário Nacional de Bombeiros (XVII Senabom), que acontece entre os dias 8 e 10 de novembro, na cidade de João Pessoa, na Paraíba.

Em sua apresentação no seminário, a major Elaine Monteiro, que é autora dos dois trabalhos junto com o capitão Themisson Vasconcelos e o cabo Heubert Guimarães, explica que, num primeiro momento, foi realizado o trabalho com o público mais amplo e que somente depois foi percebida a necessidade de fazer um recorte, abordando apenas as mortes envolvendo crianças.

Os dados foram coletados junto à Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP). Foram estudados afogamentos notificados nas bacias hidrográficas e região litorânea, ao sul do Estado no limite com o Estado de Sergipe, e ao norte no limite com o Estado de Pernambuco.

De acordo com os autores, as pesquisas foram motivadas pela falta de dados fidedignos do perfil epidemiológico das mortes por afogamento, pela busca da sensibilização da sociedade quanto ao tema e pelo desenvolvimento de estratégias preventivas.

PERFIL INFANTIL

Em relação ao público infantil, foram analisadas as variáveis: sexo, faixa etária, local de afogamento, tipo de ambiente aquático, região da ocorrência, horário, mês e dia da semana.

Os dados levantados pelos pesquisadores, entre 2013 e 2016, mostram, por exemplo, que ocorreram em Alagoas 77 mortes por afogamento de crianças com até 12 anos. Desse total, o maior número de óbitos está entre as crianças de 0 a 2 anos e de 10 a 12 anos, com 23% dos casos cada.

Outro dado relevante é que apenas 6,49% dos afogamentos aconteceram em água salgada, em água doce a porcentagem é de 96,51%. A pesquisa também mostra que apenas 11,69% dos casos aconteceram na capital e que o maior número de óbitos ocorrem no interior, com 88,31% do número de mortes.

Açudes e barragens estão entre os locais que registram maior número de óbitos entre crianças, com mais de 27% dos casos, contudo, a variante “outros” representa mais de 35% das mortes por afogamento entra o público infantil.

“A gente relacionou rio, piscina, lagoa, lago, barragem e açude, e na característica ‘outros’ são considerados os afogamentos em poços, cacimbas, banheiras, tanques, baldes e bacias. Aí quando associamos essa informação à faixa etária, os dados se correlacionam, indicando que o maior número de casos acontecem dentro de casa”, revela a oficial. Para Elaine, esses números indicam a necessidade de ações de educação popular, principalmente no ambiente domiciliar.

PERFIL GERAL

Em números gerais, no período de 2013 a 2016, Alagoas contabilizou um total de 465 mortes por afogamento. Dessas, 88,82% eram do sexo masculino e apenas 11,18% eram do sexo feminino. 42,15% dos casos estão com vítimas entre 31 e 60 anos.

Os índices relativos ao tipo de água são similares ao do público infantil, com 84,3% dos casos ocorridos em água doce e 15,7% em água salgada. O mesmo acontece em relação à localização, 87,74% das mortes foram registradas no interior e somente 12,26% na capital.

Rios (23,66%) e açudes (21,72%) despontam como os mais perigosos para banhistas. O mar é apenas o terceiro local com maior número de incidentes, tendo 15,70% dos óbitos por afogamento.

Segundo a major, as informações corroboram com os dados fornecidos pela Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA), indicando que a maior parte dos afogamentos acontecem em água doce e não em água salgada.

E ainda, os meses de janeiro, fevereiro e dezembro são os meses em mais ocorrem mortes, com 13,12%, 11,61% e 10,97% dos casos, respectivamente.

Para os pesquisadores, a análise e descrição do perfil epidemiológico das mortes por afogamento e a compreensão das características de uma determinada região são relevantes para a formulação de estratégias de prevenção da morbidade e da mortalidade por este agravo. Eles esperam que os trabalhos sirvam oferecendo subsídios para direcionar ações por parte de gestores públicos e privados que visem a prevenção de afogamentos.